O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), participou nesta sexta-feira (10) de um evento organizado pelas ministras Cármen Lúcia e Rosa Weber, além da ministra aposentada Ellen Gracie, intitulado “por estas e por outras”, onde foi discutido o cenário da Justiça no Brasil sob à perspectiva das mulheres.
Na ocasião, o ministro disse acreditar que um STF com apenas algumas ministras não seria suficiente para sanar o que ele considera um problema de “cultura patriarcal excludente e racista” existente no Brasil. Para tal, seria preciso que todos os 11 ministros fossem mulheres.
“Quando haverá mulheres suficientes no STF? Quando houver 11. Naturalizou-se a invisibilidade das mulheres. É um longo caminho complexo, trágico e ao mesmo tempo cheio de exclusões e dissimulações. Homens e meninos que precisam ser chamados para não se chocarem com a ideia do futuro com a ideia do Suprem com 11 mulheres”, afirmou o magistrado, segundo o blog O Antagonista.
“Era esse o desassossego que motivou Bertha Lutz a dizer que não haverá paz no mundo enquanto as mulheres não ajudarem a criá-lo”, completou Fachin, argumentando que sem a participação feminina nas posições de autoridade não seria possível promover mudanças estruturais significativas no mundo.
Na sequência, Fachin ainda apontou o Brasil como um país supostamente “machista”, “patriarcal” e “racista”, o qual poderá mudar mediante a participação das “vítimas” deste cenário na criação de políticas públicas.
Defendendo a maior participação feminina, portanto, ele disse que “as vozes das vítimas de um pais machista, cultura patriarcal excludente e racista terão espaço para dimensões propositivas, como saber a importância das políticas públicas, a existência de varas de violência domestica e de tantas outas conquistas que são avanços.”
Ao falar no evento, Ellen Gracie afirmou que o Brasil já deu avanços no sentido de permitir o maor protagonismo feminino, mas frisou que ainda é preciso ir além. “Fizemos muitos avanços, mas precisamos fazer mais. Não podemos cair no conformismo e permitir qualquer retrocesso”, disse ela, segundo a Marie Claire.