A ex-senadora Marina Silva concedeu uma entrevista onde comentou sobre o cenário político atual no Brasil. Para ela, a derrota do presidente Jair Bolsonaro seria uma “questão de legítima defesa”, dando a entender que poderá declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não se deve subestimar o bolsonarismo e Bolsonaro. Houve essa subestimação em 2018 por muitos agentes políticos, inclusive eu, que no início achava que ele não chegaria ao segundo turno”, disse ela.
Adotando o mesmo discurso da esquerda, a ex-senadora retratou o atual presidente da República como alguém autoritário capaz de ameaçar a democracia, mas sem apresentar quaisquer medidas por parte do governo federal que possam ser caracterizadas neste sentido.
Aliados do presidente, por sinal, vêm apontando justamente o contrário em relação às acusações de ameaça à democracia, afirmando que os críticos do governo é que têm assumido posturas autoritárias, incluindo nos outros Poderes.
“Não temos o direito de errar duas vezes”, disse Marina. “Agora é compreender que vivemos uma ameaça às instituições e à democracia, mais do que em qualquer outro momento após a redemocratização”.
“Qualquer pessoa sabe que derrotar Bolsonaro é uma questão de legítima defesa. Defesa da democracia, do meio ambiente, dos direitos humanos, das políticas de combate às desigualdades sociais”, completou a ex-senadora.
“Não é uma questão apenas de como derrotar Bolsonaro, e sim de como derrotar democraticamente o bolsonarismo. Não adianta fazer uma despolitização já no primeiro turno, com uma guerra entre o bem e o mal, isso é um empobrecimento da política”, ressaltou.
Marina, que já foi candidata à Presidência da República três vezes (2010, 2014 e 2018) e passou a definhar nos resultados com o passar do tempo, disse que não pensa em voltar à política, mas que está avaliando a possiblidade de se lançar à Câmara dos Deputados em conversas com o seu partido, a Rede Sustentabilidade.
“Existe uma discussão que vem sendo feita na Rede e fora também, por pessoas e lideranças políticas, de que em função de tudo o que está acontecendo no Brasil, eu deveria voltar para o Congresso”, disse ela ao Metrópoles.
“Estou fazendo uma reflexão que não é fácil, eu não tinha no meu horizonte retornar ao Congresso Nacional, mas estou refletindo com muito senso de responsabilidade”, concluiu a ex-senadora.