A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann, fez uma publicação reconhecendo o cenário de deterioração da economia brasileira, agora administrada pelo novo governo Lula mediante a equipe econômica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
O curioso, no entanto, é que em vez de buscar responsabilizar o trabalho de Haddad a frente da Fazenda, Gleisi resolveu atacar a política de preços do Banco Central, administrado com independência por Campos Neto.
“Taxa de juros do cartão de crédito chega a 411,5%! Esse sem dúvida é o maior escândalo. Juros altos, economia desacelerando, população endividada e fica a pergunta. O Banco Central vai assistir cenário se deteriorar e não vai fazer nada?”, questionou Gleisi.
O discurso de Gleisi vai na contramão do que alguns dos maiores economistas do país avaliam. Zeina Latif, por exemplo, concedeu uma entrevista para o portal Metrópoles, onde apontou os graves erros cometidos pela nova gestão petista.
Segundo Latif, ao atacar o Banco Central, o governo Lula “está colocando a culpa no remédio”, os juros, em vez de enfrentar a “doença” da inflação. “Por tudo isso, o governo acaba sendo uma usina de ruídos”, diz a economista.
“Lula me parece um presidente que governa muito com o fígado, com esses ataques ao BC, questionando coisas que estão funcionando e não deveriam ser mexidas agora”, destacou Latif. Para a especialista, a desaceleração econômica é resultado da própria política petista.
“Obviamente, isso é fonte de ruído e ocupa espaço que deveria ser preenchido com a discussão de outros temas. No fundo, esses ataques acontecem justamente porque não há uma agenda consolidada”, diz ela, que conclui: “O projeto do PT não se sustenta ao longo do tempo”.