O projeto econômico do Partido dos Trabalhadores (PT) no atual governo Lula “não se sustenta a longo tempo”. Essa é a avaliação da economista Zeina Latif, doutora em Economia pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-chefe da XP Investimentos.
Em uma entrevista para o portal Metrópoles, Latif criticou a maneira atual do petista de governar, segundo ela, por estar agindo muito mais pela emoção e com foco em medidas populistas, do que com base nas reais necessidades do país.
Como exemplo, ela citou os ataques ao presidente do Banco Central, Campos Neto, e à independência do órgão, o que tem abalado o mercado.
Conforme a Tribuna de Brasília noticiou na terça-feira, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, chegou a culpar o Bacen pela desaceleração econômica do país, em vez da política administrativa do seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Por tudo isso, o governo acaba sendo uma usina de ruídos. Lula me parece um presidente que governa muito com o fígado, com esses ataques ao BC, questionando coisas que estão funcionando e não deveriam ser mexidas agora”, diz Latif.
“Obviamente, isso é fonte de ruído e ocupa espaço que deveria ser preenchido com a discussão de outros temas. No fundo, esses ataques acontecem justamente porque não há uma agenda consolidada.”
“O PT tem um projeto, tem seus planos e suas convicções. O problema é que o projeto do PT não se sustenta ao longo do tempo. Aumentar gastos e o intervencionismo estatal não é um projeto sustentável. Cedo ou tarde, é necessário um freio de arrumação”, conclui a economista.