A resistência por parte dos aliados do governo Lula na CPMI do 8 de janeiro, no tocante à convocação de figuras-chave sobre os protestos que resultaram em vandalismo contra a sede dos Três Poderes, em Brasília, como o ex-comandante do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Gonçalves Dias, tem chamado atenção até mesmo de parte da imprensa tida como alinhada à esquerda.
G. Dias, como é mais chamado o general, é foi a pessoa responsável por comandar o órgão cuja responsabilidade consiste, entre outras, em garantir a segurança dos edifícios oficiais. Mais do que isso, ele foi flagrado por câmeras circulando no Palácio do Planalto durante a invasão, caminhando tranquilamente lado aos invasores.
Mais grave ainda, G. Dias está sendo acusado de adulterar um dos relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) enviado ao Congresso Nacional, justamente acerca dos atos de 8 de janeiro.
Para a oposição, portanto, não há dúvida de que G. Dias precisa comparecer para prestar depoimento na CMPI, algo que os governistas se opuseram ferrenhamente, impedindo a sua convocação. Para o jornalista Paulo Capelli, do Metrópoles, a resistência do governo em querer ouvir o militar soa como “confissão de culpa”.
G. Dias “adulterou documentos enviados ao Congresso, para ocultar que foi alertado com antecedência pela Abin sobre as invasões”, lembra o jornalista, apontando que os governistas estão usando a CMPI, na verdade, para atingir “alvos seletivos”, enquanto protegem as figuras do governo.
“A convocação dos bolsonaristas Anderson Torres e Mauro Cid e a benevolência em relação a Dias mostram eficiência de parlamentares da base na blindagem ao governo. Mas escancaram para a sociedade que a CPI, composta em sua maioria por aliados de Lula, terá alvos seletivos”, conclui Capelli.