Um tema frequentemente abordado por políticos e autoridades religiosas é a relação entre fé e política, ou Igreja e Estado, assunto que foi discutido em um artigo publicado pela ativista e escritora Marisa Lobo.
Conhecida nacionalmente por sua atuação no cenário conservador, Marisa Lobo rebateu a noção defendida por alguns de que os cristãos não devem se envolver com política. “Podemos dizer que política e religião se misturam? Depende de qual tipo de ‘mistura’ estamos tratando”, afirma ela.
Segundo a autora, que é psicóloga especializada em Direitos Humanos, o envolvimento entre política e religião não deve ocorrer como nos regimes teocráticos, onde os governos são conduzidos essencialmente pelas crenças religiosas, pois “qualquer visão que queira impor determinada religião sobre a sociedade é nociva e ilegal”, escreve.
“Mas, por outro lado, se estivermos tratando da religião como um sistema de crenças representado através de pessoas democraticamente eleitas, neste caso sim, a política pode ser um dos palcos de atuação de quem se guia pela religiosidade, como fez diversas vezes o apóstolo Paulo”, escreve a autora em sua coluna no GospelMais.
“Paulo foi ‘eleito’ um dos apóstolos de Cristo e, como tal, representou a Igreja em debates feitos em praça pública, nas sinagogas e no Areópago [ver Atos 17], onde o conselho romano se reunia”, continua. “Na prática, isto significa que todo político genuinamente cristão, ao defender medidas baseadas nos princípios e ensinamentos da Palavra de Deus, também está agindo como um missionário, a exemplo de Paulo”.
Para Marisa Lobo, existe uma diferença entre atuação em defesa de princípios e “politização da fé”. Essa última, segundo a psicóloga, é praticada por “quem busca instrumentalizar o sentimento religioso para obter benefícios próprios, sejam políticos ou ideológicos, mantendo uma relação de conveniência com a Igreja.”
A especialista conclui dizendo que fazer separação da defesa de princípios com base religiosa, do mundo político, é uma “visão errônea” que deve ser rechaçada, já que numa democracia todos devem ser representados, assim como são os que não possuem religião.
“Como cristãos”, diz ela, “somos cidadãos com direitos iguais aos demais, por isso devemos defender, na política, o que acreditamos à luz da Bíblia, não politizando a fé, mas fazendo dela uma ferramenta capaz de influenciar a sociedade como um todo.” Veja também: