A disputa eleitoral no Brasil parece estar bem distante do que a esquerda gostaria, e quem já reconhece isso é a mídia tradicional que, ideologicamente, sempre foi mais alinhada ao viés ideológico progressista. É o caso do jornal O Globo.
Em uma matéria publicada nesta terça-feira, o jornal foi taxativo ao reconhecer que “a situação do PT e da esquerda vem se tornando mais difícil. Na eleição em curso agora, o partido não apresentou um candidato próprio pela primeira vez desde a redemocratização, apoiando Guilherme Boulos (PSOL).”
Para efeitos comparativos, diz o jornal, que em 2000, Marta Suplicy teve 71.974 votos no Grajaú, enquanto o candidato do PSOL conquistou 45.697 eleitores na mesma região no início do mês, 36% a menos.
“Há 12 anos, a esquerda, que teve como principal nome o hoje ministro Fernando Haddad (Fazenda), vencedor na ocasião, também teve desempenho superior ao de Boulos agora. A votação do candidato do PSOL só supera à de 2016, quando Haddad foi derrotado na tentativa de reeleição em meio ao desgaste provocado no PT pela Operação Lava-Jato e logo após o impeachment de Dilma Rousseff”, continua a matéria.
“O cenário também é de estagnação na periferia de Porto Alegre. Em Lomba do Pinheiro, onde o PT já teve vitórias expressivas, a situação mudou substancialmente. Em 2000, o candidato do PT à prefeitura, Tarso Genro, teve, sozinho, 48 mil votos na zona eleitoral. Neste ano, Maria do Rosário conseguiu 19 mil”, ressalta o jornal.
Para a socóloga Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos em Política, Eleições e Mídia da Universidade Federal do Ceará, isso pode estar relacionado, também, à mudança de visão por parte dos trabalhadores.
“O PT não está conseguindo falar com a classe trabalhadora. Está com uma limitação para chegar nessa classe, que não tem mais a mesma característica que tinha quando o PT se originou. E essas novas características de trabalho não tem se alinhado com as ações da esquerda”, disse ela ao jornal.