O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, concedeu uma coletiva de imprensa onde fez declarações que chamaram atenção pelo tom ameaçador no que diz respeito à liberdade de imprensa e comunicação no Brasil. Na ocasião, ele afirmou que se for eleito em 2022 irá exigir a “regulação” da mídia, incluindo a internet.
“Precisamos fazer um novo marco regulatório para a comunicação no Brasil”, afirmou o líder petista no dia 20. “Tenho que fazer uma autocrítica. Nós não tratamos a reforma da comunicação, a regulação (da mídia), como deveria ser tratada. Aprovamos (no seu governo) um programa para que a gente pudesse regulamentar os meios de comunicação. (…) Eu não sei por que ‘cargas d’água’ não foi colocado no Congresso esse projeto”, reclamou.
Se dirigindo à grande mídia, o petista deu a entender que o jornalismo brasileiro é monopolizado por interesses de algumas famílias, motivo pelo qual deveria ser regulado. Lula chegou a citar como exemplo a ditadura venezuelana, fazendo parecer que o governo chavista teria sido vítima da imprensa local.
Contudo, a realidade venezuelana contraria o que Lula alega, pois o que passou a vigorar no país foi justamente a regulamentação da imprensa por parte do governo, o qual fechou diversas mídias, prendeu jornalistas e regulou drasticamente até os meios digitais, exatamente como insinua querer fazer o líder do PT no Brasil.
Só em 2020, 17 sites de notícias online e 18 estações de rádio da Venezuela foram forçados a fechar, de acordo com a organização local Espacio Publico, dizem os Repórteres Sem Fronteiras. Mas para Lula, no entanto, a ditadura chavista lhe serve como lição.
“Eu vi como a imprensa destruía o Chaves (ex-presidente da Venezuela). Aqui eu vi o que foi feito comigo. Nós vamos ter um compromisso público de que vamos fazer um novo marco regulatório dos meios de comunicação e espero que os senadores e os deputados entendam que isso é necessário para a democracia. Inclusive vamos discutir com a sociedade uma regulação da internet”, afirmou.
Diferentemente do líder petista, o atual presidente Jair Messias Bolsonaro, que conseguiu ser eleito em 2018 mesmo sob forte oposição política e de grande parte da imprensa, pensa o contrário. Para ele, os meios de comunicação devem ser livres, incluindo a internet.
“Em meu governo, a chama da democracia será mantida sem qualquer regulamentação da mídia, incluídas as sociais. Quem achar o contrário, recomendo um estágio na Coreia do Norte ou Cuba”, escreveu Bolsonaro em sua rede social, segundo o R7.
Críticos do líder petista, por outro lado, enxergaram nas declarações de Lula uma clara ameaça de censura à liberdade de comunicação, assim como ocorreu em outros países liderados pela esquerda. “O PT tem falado reiteradamente sobre a regulação da mídia, e voltou a repetir. Estamos em 2021 e temos que lutar pela liberdade de expressão e da imprensa, como defende o governo Jair Bolsonaro. Não queremos retrocesso”, rebateu o ministro das Comunicações, Fábio Faria.