A tentativa de assassinato sofrida pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2018, poderá ganhar um novo capítulo. Isso porque, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, vai reabrir o caso Adélio Bispo, o que poderá trazer novos desdobramentos ao evento que marcou a história da política nacional.
O anúncio da reabertura do caso Adélio Bispo foi feito pelo advogado Frederick Wassef, que representa a família Bolsonaro, ao portal Metrópoles. Ele comemorou a decisão, dizendo que a medida é “uma vitória do Brasil e da democracia”.
O argumento para o pedido e a decisão de reabertura do caso se deu com base em novas informações que teriam sido obtidas pela Polícia Federal. A principal dúvida dos investigadores é se Adélio, que esfaqueou Bolsonaro no abdômen durante um ato eleitoral em Juiz de Fora, agiu sozinho ou não.
Relatórios já divulgados anteriormente pela Polícia Federal não apontaram outros participantes no crime. A defesa do presidente eleito, contudo, não se convenceu sobre este fato e ainda suspeita não apenas da ação solitária de Adélio, como das suas reais motivações.
Detido na Penitenciária Federal de Campo Grande, Adélio responde pelo Artigo 20 da Lei de Segurança Nacional, o qual diz que é crime “devastar, saquear, extorquir, roubar, sequestrar, manter em cárcere privado, incendiar, depredar, provocar explosão, praticar atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas.”
Desde que sofreu o atentado, o presidente Jair Bolsonaro passou por várias cirurgias para reconstruir as partes lesadas do seu intestino, atingidas pela faca de lâmina longa usada no crime. Recentemente, por exemplo, o mandatário precisou ser internado para realizar um novo procedimento, a fim de “descolar” um segmento que estava comprometido.
O atentado sofrido por Bolsonaro até hoje é cercado de polêmicas, sendo uma delas a defesa de Adélio, que foi feita por advogados renomados, e de alto custo, que atuaram para defendê-lo. Em dezembro de 2018, Zanone Manuel de Oliveira, advogado de defesa, alegou que foi procurado por um conhecido de Adélio, o qual teria pago uma pequena parte dos seus honorários e depois desaparecido.
“Naquele encontro, o advogado disse que cobrava, em média, 150 000 reais em honorários. Mas o contratante achou o valor alto. O criminalista, então, topou dar um desconto de 83% — e receber 25 000 reais até a conclusão da investigação da Polícia Federal. ‘Aquela pessoa aceitou a proposta e pagou inicialmente o valor de 5 000 reais em dinheiro’, disse Zanone. O restante seria pago em outras parcelas mensais. No entanto, o interessado em ajudar Adélio ‘desapareceu'”, informou a Veja na época.