A maior preocupação por parte da oposição no tocante à indicação do senador Flávio Dino para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, diz respeito à sua inquestionável atuação de quase 20 anos no mundo político, algo que ele mesmo confirmou ao dar uma coletiva de imprensa esta semana.
Obviamente, a preocupação se justifica pelo motivo de que juízes devem ser politicamente imparciais, não podendo ter motivações ideológicas enquanto magistrados responsáveis pela aplicação das leis já vigentes, ainda mais quando se trata da mais alta Corte do país, o STF, cuja responsabilidade é resguardar o respeito à Constituição Federal.
Como filiado ao Partido Comunista do Brasil por vários anos, um partido de extrema-esquerda, a oposição tem a clara desconfiança de que Dino não conseguirá atuar, como ministro do STF, com a imparcialidade político-ideológica que a magistratura exige.
Dino, por sua vez, vem tentando afastar essa percepção. Em sua coletiva, por exemplo, ele afirmou que se for confirmado como novo ministro do Supremo, a sua postura será outra.
“Quem vai ao Supremo ou pretende ir ao Supremo, evidentemente, ao vestir uma toga, deixa de ter lado político. Então, para mim, eu não olho se é governo ou oposição, se é partido ‘a’, ‘b’ ou ‘c’. Eu olho para o país, olho para a instituição”, declarou o até então ministro da Justiça.
“No momento em que o presidente da República faz a indicação, evidentemente que eu mudo a roupa que eu visto. E essa roupa hoje é em busca desse apoio do Senado. A roupa que, se eu mereça essa aprovação, é a roupa que eu vestirei sempre, independe de governo e oposição”, completou Dino, segundo a CNN.
O curioso, porém, é que mesmo insistindo em dizer que conseguirá deixar para trás os anos de militância na extrema-esquerda, Dino acabou dando a entender que, embora sendo jurista, continuaria fazendo parte do mundo político, já que faz parte dele. A fala do senador, neste sentido, pareceu um pouco contraditória, motivo pelo qual a Tribuna de Brasília resolveu destacar na manchete dessa matéria.
“Tenho dialogado já com vários colegas senadores e senadoras, visando a sabatina e a submissão da indicação feita pelo presidente Lula à CCJ e, em seguida, ao plenário do Senado. Tenho muita tranquilidade, muita serenidade, nesse diálogo, porque apresento sempre dados objetivos que são conhecidos de todos, relativos à trajetória profissional no campo jurídico. E tenho uma relação muito próxima do mundo político, porque faço parte dele”, afirmou Dino, com destaque nosso.