O imbróglio envolvendo a demissão do general Júlio César de Arruda do comando do Exército Brasileiro, no último sábado, teve como estopim a sua recusa em atender um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no qual ele pediu o cancelamento da nomeação do tenente-coronel Mauro Cid para o posto de comandante de um batalhão de Operações Especiais em Goiânia, o 1° BAC.
Como resultado da recusa, Arruda foi demitido e em seu lugar assumiu o general Tomáz Paiva, então comandante do Sudeste que, na quarta-feira passada, defendeu o respeito ao resultado das eleições 2022, afirmando ainda, em tom de cobrança, que as Forças Armadas são instituições de Estado.
Mas, mesmo com a troca dos comandantes, Lula parece ainda deverá encontrar dificuldades para barrar a promoção de Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), sendo considerado o seu braço direito.
O 1° BAC é considerado um dos batalhões mais letais das Forças Armadas, sendo altamente estratégico. Entre as suas funções, por exemplo, está o emprego de ações rápidas, afim de debelar quaisquer ameaças à segurança de Brasília, bem como executar missões consideradas altamente arriscadas e difíceis.
De acordo com informações apuradas pelo Poder360, “oficiais consideram a tentativa de Lula em barrar o militar [no comando do 1° BAC] uma forma de politizar a Força. Argumentam que Mauro Cid tem os requisitos necessários para o posto, e que a nomeação do tenente-coronel atendeu aos critérios estabelecidos pela legislação interna da repartição intensiva do Exército.”
Ou seja, Lula estaria querendo impedir uma nomeação vista pelos próprios militares como legítima e justa, tendo em vista que Cid passou pelo processo seletivo e foi aprovado, estando apto para assumir o comando do 1° BAC. Apenas algum impedimento de ordem legal, neste caso, poderá barrá-lo.
Entre os requisitos para o comando do 1° BAC estão a aprovação no Curso de Paraquedismo do Exército (PQD), no Curso de Ações de Comandos (CAC) —ministrado pelo próprio batalhão— e no Curso de Forças Especiais, todos feitos por Cid.
“O cumprimento dos cursos de formação citados acima é o principal motivo que leva os militares do Exército a defenderem a nomeação de Cid. Eles também acreditam que barrar a nomeação, sem um impedimento legal, tensionaria a relação do governo com a Força”, conclui o Poder360.