Despontando como favorita da oposição para a disputa presidencial venezuelana em outubro, a ex-deputada María Corina Machado não poderá mais se candidatar, porque foi tornada inelegível por 15 anos por decisão da Controladoria Geral da República da Venezuela.
A inelegibilidade da opositora de Nicolás Maduro é vista internacionalmente como mais uma movimentação do regime ditatorial chavista, a fim de impedir a deposição do atual governo. Isso, porque, há anos a Venezuela é acusada de realizar eleições de fachada, a fim de parecer respeitar o sistema democrático, quando na realidade sustenta uma ditadura.
Os posicionamentos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em favor da Venezuela tem chamado atenção não só da oposição interna, mas de autoridades internacionais, como do presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle Pou, que criticou o petista durante a reunião no Mercosul, na semana passada.
María Corina também expressou preocupação com a forma como Lula vem posicionando o Brasil sobre o regime venezuelano. “Me preocupa muito, não apenas pela Venezuela. A influência do Brasil na região e fora dela é indiscutível. Mas também me preocupa pelo Brasil, porque não pode existir uma visão de dois pesos duas medidas”, disse ela, segundo O Globo.
Ela continuou: “Ou seja, o que não aceitariam para o Brasil, não podem pretender impor à Venezuela. Sejam por razões de afinidade ideológica ou projetos em comum, a posição de Lula é inadmissível a esta altura do jogo, com 25% da sociedade venezuelana espalhados pelo mundo, milhares no Brasil; com uma investigação sobre crimes de lesa-Humanidade avançando no Tribunal Penal Internacional; quando existem acusações bem documentadas na Justiça internacional sobre corrupção, narcotráfico, lavagem de dólares e financiamento do terrorismo; Maduro é tóxico.”
Para María Corina, Lula não pode endossar os crimes do ditador venezuelano. Em vez disso, deve condená-los. O petista, contudo, foi alvo de críticas ao dizer dias atrás que o conceito de democracia “é relativo”, e em outra ocasião, também, que a ditadura na Venezuela é uma questão de “narrativa”.
“Acho que o governo brasileiro pode contribuir de maneira significativa para uma transição pacífica na Venezuela, mas não botando panos quentes e justificando os crimes de Maduro. Assim, o Brasil perde autoridade moral frente aos demais atores democráticos para se tornar um interlocutor confiável. Não pode demonstrar esse nível de suposta ignorância”, concluiu Corina.