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    Bolsonaro chora ao lamentar proibição de viagem aos EUA: ‘Sou um preso político’

    Em um clima de frustração e revolta, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou ao comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o impediu de viajar para os Estados Unidos, onde participaria de um evento ao lado do ex-presidente americano Donald Trump.

    Com o passaporte retido por ordem judicial, Bolsonaro afirmou sentir-se como um “preso político” e criticou o que chamou de “perseguição” por parte de autoridades brasileiras.

    — Obviamente seria muito bom a minha ida lá. O presidente Trump gostaria muito, tanto é que ele me convidou. Estou chateado, abalado ainda, mas enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa — declarou Bolsonaro, em referência indireta ao ministro Alexandre de Moraes.

    O ex-presidente destacou que sua esposa, Michelle Bolsonaro, o representará no evento, acompanhada do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-mandatário. Ele também revelou que havia organizado encontros com chefes de estado durante a viagem, mas que agora não poderá comparecer.

    — Eu sou um preso político, apesar de estar sem tornozeleira eletrônica. Espero que a sua excelência não queira colocar em mim para humilhar de vez uma tornozeleira eletrônica. Estou constrangido. Queria estar acompanhando minha esposa. Quem vai acompanhar será meu filho Eduardo e a esposa dele. Eu queria estar lá. Pré-acertei encontros com chefes de estado via Eduardo Bolsonaro. Lamentavelmente, não vou poder comparecer — afirmou.

    Convite de Trump

    Bolsonaro interpretou o convite de Trump como um sinal de apoio à sua trajetória política e uma possível contribuição para a democracia brasileira. Ele sugeriu que o gesto do ex-presidente americano poderia ajudar a “afastar” questões como sua inelegibilidade, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023.

    — Gostaria de apertar a mão dele, conversar, entendo a grandiosidade do momento, as pessoas importantes que teriam para conversar. Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza de que pode colaborar com a democracia do Brasil, afastando inelegibilidades políticas, como as duas minhas que eu tive — disse.

    Ao chegar ao aeroporto de Brasília para embarcar rumo aos Estados Unidos, Michelle Bolsonaro também se manifestou, classificando o marido como vítima de perseguição política. Ela afirmou que os adversários têm “medinho” de Bolsonaro e destacou seu papel como líder da direita brasileira.

    — Deus vai ter misericórdia da nossa nação. Meu marido está sendo perseguido, assim como aqueles que Deus envia serão perseguidos, a gente sabe disso. Espero que Deus tenha misericórdia da nossa nação, do meu marido, assim como grande líder não seria diferente. Foi o maior líder da direita, que elegeu o maior número de vereadores e prefeitos. E não seria diferente. É um certo medinho que eles têm do meu marido — declarou Michelle.

    Durante sua fala, Bolsonaro também criticou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), por mencionar supostas irregularidades envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), seu filho. O ex-presidente afirmou que processará Haddad por acusações que considera infundadas.

    — Vou processar o Haddad. Ele não tem o que fazer, sempre me acusa de alguma coisa. Falou inclusive que eu comprei 101 imóveis sem origem de dinheiro. Pegou meia dúzia de familiares meus do Vale do Ribeira, o que essa meia dúzia de Bolsonaro de 90 para cá e tá pago em moeda nacional corrente. Natural. Naquela época comprava até telefone em dólar. Me acusa de arrumar dinheiro via rachadinha para comprar 101 imóveis. Eu nunca tive um cargo no governo federal — rebateu.

    Bolsonaro ainda atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de “bebum” e questionando a capacidade de sucesso de seu governo. Ele também fez uma referência indireta a declarações de Lula sobre relacionamentos conjugais, afirmando que “ama a esposa, diferente dele”.

    Contexto e crítica ao STF

    O ex-presidente ainda questionou a prisão do general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e negou a existência de qualquer plano golpista, como alegado por autoridades. Ele defendeu que discussões sobre medidas constitucionais, como o estado de sítio, não configuram tentativas de golpe.

    — Qual é o motivo da prisão do general Braga Netto? Que plano é esse? Mostra a tal da minuta de golpe. Discuti hipóteses, como disse o comandante do exército, de dispositivos constitucionais. Isso não é golpe. Quando se fala em estado de sítio, o presidente primeiro tem que ouvir os conselhos da república e da defesa, depois mandar mensagem para o Congresso. Se o Congresso aceitar, aí o presidente baixa decreto. Se isso acontecesse, seria golpe? Não. Nem a reunião com os conselhos eu tive — argumentou.

    A situação de Bolsonaro reflete o acirramento da polarização política no Brasil, com o ex-presidente e seus aliados denunciando suposta perseguição por parte do Judiciário e do governo atual. Enquanto isso, seus críticos defendem que as medidas judiciais são necessárias para garantir a investigação de supostos atos ilícitos.

    O episódio também evidencia a influência de Bolsonaro no cenário internacional, com o convite de Trump sendo visto como um reconhecimento de sua relevância política.

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