Esta semana, rumores de que Pequim estaria pressionando o Brasil pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para só então enviar os insumos de que o país necessita para produzir a vacina CoronaVac, tomou conta de parte da imprensa.
Segundo informações do jornal Gazeta do Povo, a condição estaria sendo imposta nos bastidores. A alegação é de que Ernesto Araújo teria desgastado a relação diplomática entre Brasil e China após fazer comentários contra o regime chinês.
“Segundo fontes que acompanham diretamente as negociações, Pequim pressiona pela demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Pequim quer ao menos que o presidente brasileiro divulgue um comunicado destacando a boa relação entre os dois países”, informou a Gazeta.
Diante da inevitável repercussão e gravidade diplomática da situação, o presidente Jair Bolsonaro comentou indiretamente o tema, indicando que não admite ser pressionado por outros governos no tocante a escolha dos seus ministros.
“Quem demite ministro sou eu. Ninguém nos procurou nem ousaria procurar. Jamais algum país procuraria outro para isso”, disse Bolsonaro em contato com a Jovem Pan. O ministro Ernesto Araújo, por sua vez, também negou que essa pressão esteja ocorrendo.
“Isso não existe entre países soberanos. É uma invenção completa. Não sei, tem gente que quer ver uma crise, criar invenções onde não existem. As pessoas inventam uma coisa e depois, quando vem a realidade e desmente, em vez de alterar a sua percepção da realidade, continua insistindo e redobrando cada vez mais a mentira”, disse ele.
Bolsonaro: a China depende do Brasil
Voltando a falar do assunto de forma indireta, o presidente Jair Bolsonaro foi mais taxativo ao defender que a relação Brasil e China não está comprometida, destacando que a dependência econômica entre os dois países é mútua.
“O pessoal fala ‘o Brasil precisa da China’, mas a China também precisa da gente. Ou você acha que a China está comprando soja para jogar fora? Compra produto do campo para jogar fora? Compra porque precisa”, disse o presidente em sua live semanal, na quinta-feira (21).
“Lá está chegando na casa de 1 bilhão e 400 milhões de habitantes e é uma população que cada vez mais se torna urbana”, completou o presidente, frisando a a China depende do Brasil para poder alimentar a sua população. “Agora, a relação entre países… Qualquer país do mundo, existe interesse. Não existe amor. Qualquer país no mundo tem interesse, fazer negócio. E a China tem interesse no Brasil”,