Considerado um dos nomes mais renomados do jornalismo brasileiro, o jornalista J. R. Guzzo publicou um artigo em sua coluna na Gazeta do Povo criticando duramente o “novo regime” que, segundo ele, está surgindo no Brasil: onde não é mais possível criticar o governo!
“Nada prospera melhor no Brasil de hoje do que o mercado da intolerância – resultado inevitável do ataque que se faz há anos contra as liberdades, tanto na arena política como nos mais altos degraus do poder judiciário”, inicia o jornalista.
Para Guzzo, a liberdade de expressão, aos poucos, foi sendo transformada em um “mal em si”, de modo que “deixou de ser uma virtude; hoje as almas progressistas, em vez de defenderem a liberdade, querem que ela seja eliminada.”
O jornalista argumenta que apesar da divergência ser um dos principais pilares de uma democracia, isso tem se transformado no país em “caso de polícia”, não pelos atos radicais de vandalismo ou semelhantes, mas pela mera expressão das ideias, publicações em redes sociais ou manifestações pacíficas nas ruas.
“Vai-se embora, nessa ofensiva, a capacidade de ouvir uma opinião contrária e de aceitar que pontos de vista divergentes convivam no ambiente público”, diz o jornalista. “O cidadão que diverge deixou de ser um adversário de debates; passou a ser alvo de processo penal, por crimes contra ‘a democracia'”.
Guzzo critica ainda o uso de rótulos como “bolsonarista”, “fascista” e “golpista” para classificar, generalizadamente, quaisquer pessoas que criticam a esquerda e as suas ideologias. De acordo com o jornalista, essa é a característica marcante do “novo regime”; a intolerância quanto ao divergente e a sua estigmatização.
“Não se tolera manifestação de rua, a livre palavra nas redes sociais, o porte da bandeira nacional em público, as críticas às ilegalidades em massa que não param de ser cometidas”, exemplifica.
“O cidadão que diverge deixou de ser um adversário de debates; passou a ser alvo de processo penal, por crimes contra ‘a democracia’. Essa visão deformada é aceita como religião oficial do novo regime que começa a se formar no Brasil”, conclui Guzzo.