Em um momento onde o mundo parece retomar a corrida armamentista diante das tensões envolvendo as guerras e rumores de guerras atuais, o Brasil poderá perder a sua maior empresa do setor de fabricação bélica, a Avibras, considerada estratégica para a defesa e soberania nacional.
Isso, porque, segundo informações do Estadão, o governo Lula avalia que a venda da Avibras poderá ser a única saída para resolver a crise financeira da empresa, estipulada em uma dívida na ordem dos R$ 640 milhões.
Fundada em 1961 por um grupo de engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Avibras integra o Programa Espacial Brasileiro e é responsável pela fabricação de construção de aeronaves, motores para foguetes, além de armamentos e equipamentos bélicos como mísseis, lançadores, veículos blindados, bombas inteligentes, sistemas de comunicação por satélite e Veículos Aéreos Não Tripulados (VAT), sendo considerada uma das maiores do segmento no mundo.
É da Avibras, por exemplo, a criação dos lançadores múltiplos de foguetes “Astros”, considerado um dos melhores do mundo e pertencente às Forças Armadas do Brasil, além de outros projetos de mísseis considerados estratégicos para a defesa nacional.
Em nota, a empresa afirmou que está em “tratativas avançadas” com a australiana DefendTex para “viabilizar um potencial investimento que visa a recuperação econômico-financeira da Avibras, de forma a manter suas unidades fabris no Brasil.” Ou seja, a venda para investidores australianos.
“A maior preocupação do governo é a empresa fechar”, afirmou à Coluna do Estadão o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), vice-líder do governo na Câmara, que acompanha de perto as discussões.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, no entanto, acusa o governo Lula de “inércia” diante da crise envolvendo a gigante da indústria bélica nacional. “Enquanto diversos países investem pesadamente no setor de Defesa, o Brasil e a sua classe dirigente assistem e compactuam com a entrega de sua mais importante empresa do segmento a um grupo internacional”, diz o grupo em nota.
“Independentemente da mudança na direção da empresa, o Sindicato seguirá mobilizando os metalúrgicos pela completa regularização da situação, bem como pela estatização da Avibras sob controle dos trabalhadores”, ressalta o Sindicato.
Os metalúrgicos, segundo a Istoé, disse ainda que se reuniu em mais de uma oportunidade com o ministro da Defesa do Brasil, José Múcio Monteiro, e o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e que até o momento nenhuma medida efetiva foi adotada em favor dos operários da Avibras. Assista: