O ex-procurador Deltan Dallagnol publicou um artigo com duras críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em seu texto, ele afirma que a atual administração tem fragilizado os policiais, enquanto que “vitimiza” ou mesmo “idolatra” criminosos.
A reação de Dallagnol foi em face à operação que resultou na morte de 14 suspeitos de crimes no Guarujá, São Paulo. O ex-procurador defendeu a atuação dos policiais, apontando alguns motivos para isso.
“Primeiro, interessa às próprias organizações criminosas que controlam regiões espalhar esse tipo de versão, para retaliar ou frear a polícia”, diz ele ao se referir às denúncias de supostos abusos da Polícia Militar.
“Segundo, dos quatro suspeitos de terem matado o policial, três foram presos, os quais seriam, no caso de tortura ou chacina, as primeiras vítimas”, continua Dallagnol, explicando na sequência que os agentes de segurança possuem, legalmente, a presunção da legitimidade das suas ações “até prova em contrário”.
“Sem falar da presunção de inocência a todos devida. Contudo, o Ministro da Justiça Flávio Dino, que defende presunção de inocência para seu chefe condenado em três instâncias por corrupção, apressou-se em dizer que a ‘ação da PM em SP não parece proporcional em relação ao crime'”, escreve ele.
“Dino ecoa uma visão ou ideologia arraigada no governo Lula que criminaliza policiais e vitimiza, quando não idolatra, criminosos”, continua Dallagnol em seu artigo publicado na Gazeta do Povo. O ex-procurador passou a lembrar alguns episódios envolvendo o presidente da República, como segue:
“Em março, por exemplo, o lançamento do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania do governo federal foi marcado por críticas à polícia, e não por propostas concretas contra o crime organizado ou para reduzir o número de homicídios.”
“O próprio Lula, na ocasião, fez críticas às polícias, falando de ‘criar uma polícia nova’. Por outro lado, afirmou que criminosos com frequência são inocentes e ‘vítimas de um delito’. Em abril do ano passado, Lula chegou a desumanizar os policiais, afirmando que ‘Bolsonaro não gosta de gente, gosta de policial'”, escreveu Dallagnol.