A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o Movimento Sem Terra (MST) ouviu mais depoentes na última quarta-feira, precisamente, alguns dos assentados da Área 3, na Fazenda Palmeiras, em Goiás. Na ocasião, uma senhora fez graves denúncias envolvendo o grupo.
Segundo Noemia José dos Santos, ela sofreu várias ameaças de morte e teve a sua filha sequestrada, afirmando ainda que foi espancada por um grupo de pessoas supostamente ligado ao Movimento.
“O que aconteceu comigo eu não quero que aconteça com ninguém, porque é muito triste. Eu não estou mentindo, aconteceu comigo”, declarou Noemia, expondo o seu relato perante os parlamentares, após se comprometer em dizer apenas a verdade.
Ainda de acordo com a depoente, certa vez ela viu uma mulher sendo ameaçada de ser queimada viva por um grupo. “Uma senhora lá, dona Maria, que estava junto comigo, eles enrolaram ela no colchão para botar fogo”, disse ela.
“E o sogro dela implorou para eles não fazerem aquilo, pois ela tinha um filho deficiente. Então eles pegaram as coisas dela e enviaram ela pra margem da rodovia”, completou Noemia, apontando que a mulher foi expulsa do assentamento.
Outro depoente, Joviniano José Rodrigues também fez acusações contra o MST, dizendo que os assentados que não cumprem as exigências com relação à realização de determinadas tarefas, acabam expulsos do local e perdendo suas terras.
“O assentado, ou pré-assentado, ou acampado, como seja que estava, tem que rezar na cartilha deles daquele jeito. Não tem outra maneira, ou você reza daquele jeito ou você vai para fora. Essa é a lei lá dentro, se você não fazer parte, vai ser jogado para um lado, mais na frente acaba saindo. Eles já falam que você vai perder sua terra e seu tempo”, disse ele.
MST nega
Em uma entrevista para o Brasil de Fato, o dirigente do MST, Gilvan Rodrigues, negou as acusações contra o movimento, alegando que Noemia e Joviniano teriam cometido ilegalidades no assentamento.
“Veja que o Joviniano estava acusando o movimento por desvio de dinheiro, mas eles foram expulsos exatamente por desvio de recursos da comunidade”, disse ele ao jornal ligado à esquerda.
“Na época, chegou a ter Boletins de Ocorrência, chegou a ter inquérito tanto na Polícia Civil quanto na Polícia Federal, mas isso não gerou processo, e a Justiça não deu a eles o direito e retornarem ao local, ou seja, eles perderam o processo”, completou.