O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu uma declaração feita pelo presidente Lula durante a sua participação na abertura do Foro de São Paulo. Na ocasião, o líder petista disse que o conceito de democracia “é relativo” ao falar sobre a ditadura na Venezuela.
“A Venezuela, ela tem mais eleições do que o Brasil. A Venezuela, desde que o Chávez tomou posse…. o conceito de democracia é relativo para você e para mim”, afirmou Lula, minimizando o autoritarismo do regime venezuelano, já apontado como violador de direitos humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Em mensagem nas redes sociais, Gilmar Mendes rebateu: “O conceito de democracia não é relativo. Após a superação dos regimes totalitários do século XX, a democracia não pode, seriamente, ser concebida como uma fórmula vazia, apta a aceitar qualquer conteúdo”, afirmou.
Ainda de acordo com Mendes, o simples fato de haver eleições na Venezuela não significa que exista democracia no país, uma vez que o governo, uma vez ditatorial, pode fazer uso da força para se perpetuar no poder, exatamente como tem ocorrido desde que o ex-presidente (falecido) Hugo Chávez assumiu o comando.
“A realização de eleições, em tal hipotético cenário, jamais poderia afiançar o caráter democrático de um regime político: aos eleitores não cumpre escolher entre governo e oposição, mas apenas referendar a vontade do ditador de plantão”, disse o ministro.
Em outra ocasião, Lula já havia relativizado a ditadura venezuelana, chamando-a de “narrativa”. A fala do petista também foi bastante criticada pelos opositores, inclusive por alguns simpatizantes.
“Existe uma narrativa no mundo de que na Venezuela não tem democracia e que ele cometeu erros. Eu disse para ele (Maduro) que é a obrigação dele construir a narrativa com os fatos verdadeiros”, afirmou Lula, segundo informações de O Globo.
Ao comentar a reação de Gilmar Mendes em resposta a Lula, o deputado federal e general do Exército Brasileiro, Girão Monteiro, especulou se os ministros do STF estariam, agora, reconhecendo os riscos envolvendo a nova gestão petista.
“Acho que este despertar está meio tardio. Quem outorgou a descondenação do tal sujeito? Quem se esvaiu em lágrimas, perante à defesa do advogado do ex-presidiário?
Antes tarde do que nunca. Só não sei se nos convence”, disse ele nas redes sociais.