O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quinta-feira (24) o julgamento que pode resultar na legalização do consumo da maconha no Brasil. Na ocasião, o ministro Luiz Roberto Barroso fez uma declaração indicando que o Supremo deve agir estrategicamente, a fim de poder liberar todas as drogas, e não só a maconha.
O comentário do ministro foi em decorrência do seu colega, Gilmar Mendes, revisar o próprio voto. Mendes havia votado pela liberação do consumo pessoal de todas as drogas. Hoje, porém, ele voltou atrás e disse que apenas a maconha deve ser legalizada.
No entanto, outros ministros deixaram claro através das suas colocações que a mudança no voto de Gilmar Mendes não reflete a mudança de entendimento do Tribunal, mas apenas o interesse de fazer prevalecer uma posição mais aceitável para a sociedade.
“Confesso que gostava mais da outra tese, mas também acho que todos nós temos de caminhar para um consenso”, disse a ministra Rosa Weber, atual presidente do STF. Na sequência, Barroso foi mais explícito, sugerindo ainda que a população não teria capacidade intelectual para entender a aprovação do uso de todas as drogas.
Isto é, em outras palavras, a possível reação contrária da sociedade à legalização das drogas seria fruto de mera ignorância, e não de inúmeros entendimentos existentes, científica e estatisticamente respaldados, que contrariam a tese defendida pelos defensores da liberação.
“Como é um assunto muito delicado, me pareceu que andar devagar mas consistentemente seria melhor do que ousarmos, talvez, além do que a sociedade pudesse compreender“, afirmou o ministro. “Mas concordo com o ministro Gilmar e com vossa excelência [Rosa Weber] de que a lógica é a mesma. Apenas estamos dosando para avançar com a velocidade possível.”