A fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra o Estado de Israel provocou a reação até mesmo do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que até então vinha mantendo uma postura discreta, enquanto magistrado, no tocante aos assuntos do atual governo.
Durante uma pregação na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, em São Paulo, Mendonça revelou que conversou com o embaixador do Brasil em Israel, durante uma visita que fez ao país judaico após o ataque do Hamas em outubro do ano passado.
“Nós tivemos, no primeiro, segundo dia que chegamos em Israel, um almoço com o embaixador brasileiro lá em Israel. E eu fiz uma colocação pro embaixador”, disse ele, explicando na sequência qual foi a sua pergunta:
“‘Embaixador, nossa diplomacia é marcada por uma busca de equilíbrio e imparcialidade. O senhor não acha que talvez se nós caminharmos mais nesse sentido, ao invés de endossarmos uma petição da África do Sul acusando Israel de genocídio, seria o melhor caminho pra nós sermos um agente de paz?’. E ele me respondeu: ‘O mundo de hoje não há espaço pro cinza, ou é preto ou é branco. E o país tomou a sua posição”.
O ministro, por sua vez, disse que respondeu ao embaixador, mas firmando a sua própria posição. “Em resposta, eu tomei minha posição. Eu defendo a devolução de todos os sequestrados. E acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente”, afirmou. “Como cristãos, somos chamados a nos posicionar”.
Na prática, a revelação de uma conversa com o embaixador do Brasil aponta a clara intenção do ministro de tornar a sua crítica conhecida do público. Não por acaso, a fala do magistrado foi gravada e viralizou nas redes sociais.
Indicado pelo ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, André Mendonça vinha adotando uma postura muito discreta até então, evitando tecer comentários públicos acerca de assuntos que envolvem o governo, diferentemente de outros ministros, que já são fortemente criticados justamente por serem muito “midiáticos”.
Vale ressaltar que André Mendonça, além de jurista, também é pastor evangélico, membro da Igreja Presbiteriana, e sua fala se deu durante uma pregação. Assista: