Mary Anastasia O’Grady, mais conhecida no meio jornalístico apenas como Mary O’Grady, publicou um editorial fazendo críticas duríssimas ao Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro. A publicação feita em um dos maiores e mais respeitados jornais do mundo, o The Wall Street Journal, acusa a corte de ser uma “ameaça à democracia” no Brasil.
Mary O’Grady é editora do Wall Street Journal, e em seu artigo publicado no último dia 22 fez um comparativo do episódio de 8 de janeiro, em Brasília, com o 6 de janeiro de 2021, nos Estados Unidos, quando o Capitólio americano foi invadido por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.
A jornalista, contudo, afirmou que o caso brasileiro vem sendo usado por parlamentares americanos apenas por conveniência, a fim de fomentar ataques a Trump. “A narrativa em curso é que a democracia brasileira está sob ameaça de uma direita populista inspirada no 45º presidente dos Estados Unidos”, escreveu ela.
“Isso pode ser conveniente para os martelos que querem acertar o Sr. Trump. Mas não percebe o perigo iminente à liberdade que agora espreita no Brasil: uma Suprema Corte que está amordaçando seus críticos, congelando seus bens e até mesmo prendendo alguns, tudo sem o devido processo”, completou Mary O’Grady, fazendo referência ao STF.
A jornalista condenou a invasão e vandalismo contra à sede dos Três Poderes, em Brasília, defendendo a punição dos responsáveis pela depredação do patrimônio público, mas lembrou que os críticos do episódio, neste caso a esquerda, não reagiram da mesma forma em outros exemplos.
“A afirmação de que o motim de Brasília é fruto do dia 6 de janeiro de 2021 cheira a moralização seletiva”, disse ela. “Quando extremistas de extrema esquerda vandalizaram a Colômbia por meses em 2021, não me lembro das classes tagarelas de DC culpando-a pelos tumultos do verão de 2020 ligados ao Black Lives Matter nos EUA.”
“Turbas enviadas às ruas, seja pela direita no Brasil ou pela esquerda como está acontecendo agora no Peru, ameaçam o governo representativo. Mas a liberdade também pode ser estrangulada dentro do governo”, pondera Mary O’Grady.
A editora do Wall Street Journal lembrou, por exemplo, que na Venezuela a ditadura foi instalada após o aparelhamento do judiciário, com o ex-presidente Hugo Chaves “eliminando os direitos das minorias e as proteções legais.”
“Tiranos na Bolívia e na Nicarágua copiaram o manual político de Chávez. Hoje, a separação de poderes necessária para a sobrevivência da democracia é incerta em muitos países da região, incluindo Colômbia, Honduras, El Salvador e México”, destacou a jornalista.
Críticas a Lula
Mary O’Grady também fez críticas ao atual presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmando que ele “e seu Partido dos Trabalhadores orquestraram o maior esquema de corrupção da história do Hemisfério Ocidental” a partir de 2007.
“A construtora brasileira Odebrecht estava no centro de tudo e tinha até um departamento de propina. Muitas pessoas nos negócios e no governo foram presas por preencher contratos e propinas que roubaram bilhões de dólares do erário público – e por lavagem de dinheiro. Lula, condenado em 2017, foi um deles”, lembrou a jornalista.
Na sequência do seu editorial, Mary O’Grady lembrou que Lula só pôde concorrer à presidência do Brasil porque teve as suas condenações anuladas pelo STF em 2021, mas que muitos brasileiros, até hoje, discutem sobre o seu passado em grupos e mídias sociais.
“Muitos brasileiros continuam a considerá-lo um ladrão que escapou da justiça porque o tribunal superior fez política”, escreveu a jornalista. “Em plataformas de notícias independentes, nas mídias sociais e em grupos de bate-papo privados, seus crimes continuam sendo um assunto polêmico.”
“Isso não se coaduna com o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes, que tem um viés autoritário pronunciado. Sob sua liderança como chefe do tribunal eleitoral, que governou a campanha e o ano eleitoral, foi aprovada uma resolução para criminalizar a ‘desinformação’ e as ‘notícias falsas’, embora não exista tal lei.”
“O juiz de Moraes tornou-se o rosto de uma repressão à liberdade de expressão não vista desde que o país voltou à democracia sob a constituição de 1988”, continua Mary O’Grady. Para ler o artigo completo (em inglês) publicado no Wall Street Journal, clique aqui.