O governador de São Paulo, João Doria, realizou mais uma coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (08) ao lado do médico David Uip e outros especialistas. O objetivo foi atualizar os dados sobre a pandemia do novo coronavírus no estado, mas a ocasião terminou servindo também para outros propósitos, entre eles críticas ao presidente Jair Bolsonaro.
Questionados sobre o aumento de relatos de pessoas que estão fazendo uso da cloroquina contra o coronavírus, e obtendo resultados eficazes, tanto Uip como Doria preferiram amenizar a empolgação pelo aparente sucesso do medicamento.
O próprio governador acabou ironizando a questão: “Ficam promovendo a cloroquina como se isso fosse um elixir da vida”. David Uip, por sua vez, questionado pelo presidente Jair Bolsonaro na terça-feira (07) se havia ou não tomado a cloroquina para se curar do coronavírus, preferiu não responder a questão e em vez disso rebater a pergunta.
“Quero falar uma coisa para o senhor presidente. Presidente, eu respeitei seu direito de não revelar o seu diagnóstico. Respeite meu direito de não revelar o meu tratamento”, disse. “Senhor presidente, me respeite. A minha privacidade foi invadida”, afirmou o médico.
No final das contas, Uip não negou o uso da cloroquina, desde que receitada por médicos e a sua aceitação diante dos riscos confirmada pelos pacientes. Ou seja, ele deu a entender – como quem não quer admitir – que o uso do medicamento está liberado.
Contudo, a impressão transmitida por Doria e Uip na coletiva foi de certa resistência ao falar sobre a cloroquina. Enquanto a sociedade enxerga o medicamento como uma esperança eficaz contra o vírus, o que traz alegria, essas autoridades parecem não querer aceitar que talvez seja possível colocar fim ao isolamento radical que tanto afeta a economia do Brasil.