O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu uma entrevista ao site Opera Mundi na segunda-feira (13), onde abordou alguns pontos sobre a política nacional, entre eles o polêmico inquérito das fake news, assim como a desconfiança do presidente Jair Bolsonaro sobre a segurança do sistema eleitoral.
“Não fosse o inquérito das fake news, nós, provavelmente, já teríamos derrapado para um modelo de perfil muito autoritário, porque estávamos vivendo um quadro de crescente crise, ameaça de invasão do próprio tribunal a partir de fundamentos falsos”, afirmou o ministro.
O magistrado afirmou que o inquérito serviu para limitar “muitos delírios”, mas não citou quais ou a partir de quais pessoas. O processo que tramita no STF, e é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, tem sido alvo de muitas críticas e acusações de ilegalidades por parte do presidente Bolsonaro e aliados.
Ao falar da conjuntura política atual, Gilmar Mendes insinuou que o presidente da República estaria se comportando de forma infantil ao colocar sob desconfiança o sistema eleitoral brasileiro, especialmente no atual contexto de pandemia.
“Passei duas vezes pelo TSE [como presidente]. Eu sei da seriedade com que se opera toda a temática de segurança da urna eletrônica. Sei por que nós chegamos à urna eletrônica: porque tínhamos fraude no outro sistema”, disse o ministro.
“Não acredito que haverá um autogolpe. A questão é que ainda não saímos da pandemia. Vemos a Europa e os EUA adotando medidas de recuperação e nós discutindo a suspeita de fraude numa eleição em que o sujeito que reclama ganhou a eleição, e agora discutindo a possibilidade de golpe, de se fechar o Supremo, o Congresso, as Assembleias Legislativas… vamos trazer os adultos para a sala e tratar dos temas sérios”, concluiu.
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